Cheguei a Madrid quase 9 horas depois de ter partido de Santo Domingo. Pouco faltava para as 12h. Pensei: “vou rápido ao hotel, deixo a mala e vou dar uma saltada ao Liceo Francés – Belenenses”.
Não podia estar mais enganado. A minha mala, com a etiqueta de “prioritário” bem visível custava a aparecer. Quando apareceu, restavam 4 passageiros do meu vôo e o tempo começava a escassear.
Não perdi a esperança (é sempre a última a perder-se, dizem). Segundo o site do hotel o transfer passava cada 20 minutos à porta do aeroporto pelo que, no máximo, teria de esperar 20m. Pois esperei 45m.
O jogo do Belenenses estava definitivamente perdido e a minha paciência também. Depois do que já me tinha acontecido na viagem de ida, as peripécias da volta levavam-me a considerar que a fúria portuguesa já superava seguramente a “fúria espanhola”.
Cheguei ao hotel já passava das 14h. Acabei por tomar um duche rápido e pus-me a caminho da Cidade Universitária.
Quando cheguei ao estádio a minha primeira reacção foi de espanto tal era a quantidade (os espanhóis dizem 7000 espectadores, o que me parece contudo claramente inflacionado) - e, como vim a constatar mais tarde, a qualidade - de portugueses presentes. A minha sorte começava a virar.
Fui ver o aquecimento lá para ao pé dos postes onde os Lobos se preparavam com afinco. Estava sol, apesar de um pouco fresco. Cumprimentos de ocasião, meia dúzia de fotos (uma porcaria com a mini-máquina que tinha comigo) e já as equipas entravam em campo.
Primeiro “A Portuguesa”: é sempre um orgulho ouvir e cantar o nosso hino, mas em Espanha fico sempre com “pele de galinha”. Já na idade média os meus avôs andavam a dar pazadas nas cabeças castelhanas e isto ainda me corre no sangue, creio. Depois, o hino espanhol: continuo sem perceber como é que eles têm um hino sem letra, sem alma, sem conteúdo…enfim, também neste campo não se conseguem pôr de acordo entre eles.
Começa o jogo, as claques fazem barulho. Portugal abre o marcador com uma penalidade marcada pelo Pedro Cabral (Puca, segundo alguns). “Nuestros hermanos” aproveitam uma falha defensiva lusa e passam para a frente 5-3. O público da casa, com a soberba habitual, já goza: “España! España!”.
Os Lobos reagem: aos 20m, António Aguilar marca ensaio na sequência de um pontapé que sobrevoa toda a defesa espanhola e Pedro Cabral transforma. 5-10!
Uns 5m depois é Pedro Cabral e converter mais uma penalidade e pouco depois novo ensaio (por Pipas, embora a Fira o atribua ao Conrad) após um pick-and-go luso; mais uma vez, Pedro Cabral transforma e Portugal fica com uma vantagem de 5-20. O público da casa começa a “meter a viola no saco”.
Quase em cima da hora para o intervalo a Espanha marca uma penalidade, mas Frederico Oliveira tem ainda oportunidade para marcar um excelente ensaio em que ultrapassa vários espanhóis que bem tentam mas não o conseguem placar. O intervalo chega com 8-27, uma vantagem confortável para a segunda parte.
No intervalo tive o prazer de travar conhecimento com alguns ilustres membros da nossa comunidade oval e com eles vi a 2ª parte (aqui fica o meu agradecimento pela minha integração no seu grupo – eles sabem do que é que eu estou a falar, já dizia o outro).
A segunda parte não teve grande história: 1 ensaio convertido para a Espanha e duas penalidades para o lado luso (Pedro Cabral e Joe Gardener). Portugal chegou a estar largos minutos na área de 22 metros espanhola, mas não conseguiu fazer mais ensaios. Resultado final: 15-33.
Vitória indiscutível de Portugal (a 3ª em terras de Espanha - Madrid 1966 e Ibiza 2004). Por momentos chegou a parecer que não estávamos a todo o gás, que um esforço controlado foi suficiente para derrotar uma equipa espanhola sem “pedalada” para a portuguesa.
Voltámos a ter, aqui e ali, algumas dificuldades na mellée. Este poderá ser um ponto decisivo no próximo fim-de-semana contra a Roménia que tem uma mellée muito poderosa. Creio, todavia, que a arbitragem terá tido algumas decisões menos felizes contra Portugal neste particular do jogo.
Portugal chega a esta fase da época na sua melhor forma. Se tivéssemos estado a este nível no princípio de Fevereiro, estaríamos provavelmente, qualificados para o Mundial. Assim, vamos ter de esperar mais uns meses para festejar a qualificação.
Terminado o jogo, fiquei uma 3ª parte à conversa com os meus companheiros da 2ª. Muito interessante a troca de ideias. Para evoluir é preciso conhecer a realidade e discutir caminhos a seguir. Eu aprendi mais algumas coisas…
Tenho pena que a conversa não possa continuar no próximo sábado, já que não poderei ir a Lisboa para o jogo com os romenos. Estarei em frente à TV, quiçá com alguns amigos…ainda não decidi porque da última vez, eles deram azar…
Valeu a pena ter ficado em Madrid mais um dia: bom jogo, saborosa vitória e novos conhecimentos. No Domingo embarquei pouco depois da 8h de regresso ao Luxemburgo, com escala em Frankfurt. Quando cheguei a casa e o meu filho mais velho (de 3 anos) perguntou-me se tinha estado em Madrid. Expliquei-lhe que sim, que tinha ido ver o rugby e ele perguntou-me se o outro Vasco também lá estava. Disse-lhe que sim e que tinha jogado bem; foi buscar a oval e disse-me que também queria jogar…terei um Lobo em casa?
7 comentários:
Fantastica Cronica!
Parabens. assim vale a pena ser um Lobo!
Abraço
Bom texto. Apenas para rectificar um pormenor. Esta foi a nossa terceira vitória em Espanha.
http://www.scrum.com/statsguru/rugby/team/27.html?class=1;opposition=18;template=results;type=team;view=results
Parabéns pela crónica.
Um abraço.
Bom texto. Apenas para rectificar um pormenor. Esta foi a nossa terceira vitória em Espanha.
http://www.scrum.com/statsguru/rugby/team/27.html?class=1;opposition=18;template=results;type=team;view=results
Parabéns pela crónica.
Um abraço.
Bom texto. Apenas para rectificar um pormenor. Esta foi a nossa terceira vitória em Espanha.
http://www.scrum.com/statsguru/rugby/team/27.html?class=1;opposition=18;template=results;type=team;view=results
Parabéns pela crónica.
Um abraço.
O Diógenes já corrigiu, é sim a terceira vitória em Espanha, segunda em Madrid.
Vejam em:
http://maodemestre.wordpress.com/2010/03/08/com-o-inimigo-a-nossa-beira/
O lugar de cronista continua em aberto!
Caro Diógenes, Muito obrigado pela indicação. Parece que ganhámos em Madrid em 1966 e em Ibiza em 2004.
Um abraço.
Obrigado, Manel. Eu nunca sei quando tenho tempo e inspiração para escrever algo. Mas fico satisfeito por gostar.
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