Este espaço conjuga duas paixões: o rugby e o coleccionismo. Pretende dar a conhecer (aos poucos) a minha colecção filatélica já bastante avançada sobre o tema "rugby" e, simultaneamente, aproveitar esse pretexto para, aqui e além, opinar, divulgar e testemunhar sobre "coisas" deste desporto fantástico. Claro está que um dos objectivos é conquistar adeptos para este tipo de coleccionismo, fazendo com que se juntem a este MAUL DINÂMICO!

domingo, 14 de novembro de 2010

Um dia na terra dos Jones

Tal como tinha prometido, aqui vos deixo o relato da minha 1ª ida a Cardiff, menos de 24h depois de ter sobrevivido a tal experiência.

Eram 5h30 quando o despertador tocou. Depois do faustoso e farto jantar indiano no “Maharaja de Sandy” da véspera, não posso dizer que a noite tivesse sido de fácil digestão, mas a perspectiva de ir, pela 1ª vez ao Millenium Stadium foi mais forte do que o sono.

Levantei-me, tomei um duche rápido e fiz o check-out do Holiday Inn de Sandy, um “buraco” em Bedfordshire, a uma hora de Londres.”Rezava” para que o táxi que dificilmente tinha marcado para as 6h00 aparecesse (4 companhias tinham recusado ir buscar-me àquela hora da manhã de sábado). Eram 5 para as 6 quando ele apareceu com um ar ensonado e uma cara um pouco “amassada” e eu pensei: “ou entro no carro com este tipo ou não chegarei a tempo a Cardiff”. Entrei no carro.

O motorista pergunta-me se eu tenho uma “long journey, mate” e eu respondo que vou a Londres deixara a minha bagagem e que vou de seguida para Cardiff para ver os galeses com os Sprigboks. Ele ri-se e diz que perdeu todos os dentes da frente a jogar rugby. Eu rio-me com ele e percebi o porquê da cara naquele estado.

O comboio das 6h14 passou à hora prevista e a chegada a Londres Kings’ Cross pouco depois da hora. Tinha o plano delineado para nada falhar mas eis que 3 linhas de metro estão fechadas. Olho para o plano de metro e refaço o plano para chegar ao hotel e para seguir para a estação de Paddington.

O hotel era mais longe do metro do que eu pensava e comecei a temer pelo sucesso da expedição. Apressei o passo, deixei a mala no hotel, rumei a Paddington e…não consegui levantar o bilhete pré-comprado para o comboio. Fui à bilheteira e lá me imprimiram uma 2ª via do dito. Entretanto a gare enchia-se de sul-africanos e alguns galeses que iam, obviamente, apanhar o mesmo comboio que eu.

Apesar de não ter conseguido uma reserva de lugar, havia uma carruagem sem reservas e tive a sorte de arranjar lugar sentado, enquanto seguia as cómicas tentativas de engate de dois galeses já bem bebidos às 9h00 da manhã.

Às 12h15 estava em Cardiff. Que ambiente! Fantástico. Os pubs cheios de gente de “booze” na mão e as ruas decoradas com as bandeiras dos adversários desta janela de Novembro. Montes de gente e um ambiente espectacular.

Apercebo-me de alguma agitação e vejo ao longe um autocarro escoltado pela polícia a cavalo. É o delírio dos locais embora não se consiga ver nada para dentro do autocarro com a equipa da casa.

Compro um cachecol alusivo ao jogo, o programa oficial e vou à procura da minha porta. Entro e vou direito ao meu lugar para ter uma primeira perspectiva do relvado e bancadas.

Impressionante um estádio daquele tamanho, completamente fechado. Vou buscar uma cervejinha e volto para o meu lugar para ler o programa, vejo as equipas a entrar para o aquecimento, enquanto uma banda militar e um coro de mais de uma centena de civis vai entoando canções maioritariamente galesas (mais uma versão coral do “Dalila” do Tom Jones que, digo eu, com um nome desses só pode ter origens em Gales).

Sigo o aquecimento e chegam as minhas vizinhas: uma senhora de 65 anos e a sua filha. As equipas entram para o jogo e toca-se pelas vítimas da 2ª Grande Guerra (ou não fosse “Rememberance day” no domingo). Tocam-se os hinos. Quando os galeses puxam pelas gargantas e apesar do estádio não estar cheio, fico com pele de galinha. Puxa! Que emoção!!!

As minhas vizinhas percebem que fico impressionado e perguntam-se se é a minha 1ª vez no Millenium, respondo que sim e iniciamos um diálogo, ficando elas espantadas por haver portugueses que gostam de rugby.

Durante o jogo, fico com a certeza que aquela senhora de 65 anos deve ter assistido a dezenas de jogos internacionais. Uma verdadeira conhecedora da modalidade.

Os Springboks marcam os primeiros 3 pontos do encontro, mas os galeses estão endiabrados e o estreante George North marca o seu 1º ensaio, imitado pouco depois por James Cook. Gales domina o jogo e já com algum tempo depois dos 40m o árbitro volta a uma vantagem sul-africana com uns 2 ou 3 minutos e permite a estes marcar 3 pontos e dá inicio a alguma contestação à arbitragem. Eu não gosto de criticar os árbitros porque a sua função é extremamente difícil, mas o do jogo de ontem não esteve à altura do mesmo e com algumas decisões discutíveis acabou por ter alguma influência no resultado final.

Gales sai por cima, mas os sul-africanos reentram com outra determinação e aproximam-se no marcador, acabando por ultrapassar a equipa galesa. Estes reagem e George North marca o seu 2º ensaio (não deve haver muitos jogadores com 18 anos que possam dizer que marcaram 2 ensaios aos Springboks no seu 1º jogo internacional).

O jogo continua muito vivo, com um vencedor indeterminado e muita emoção. O público canta para incentivar a equipa da casa. Fantástico! Chegam os 80m e os galeses perdem por 29-25. Mas há uns 3m que estão nos 22metros dos sul-africanos. Tentam, tentam, tentam mas acabam por deixar fugir uma bola uns bons 3 ou 4 minutos para lá da hora e os sul-africanos apressam-se a chutar para fora. O árbitro acaba com o jogo.

Toda a gente se levanta e bate palmas. Que grande jogo. Apesar da decepção da derrota os galeses estão bem-dispostos e dirigem-se para os pubs para se “refrescarem”.

Saio do estádio e encontro-me com um amigo de infância que vive em Bristol. Vamos beber um copo a Cardiff Bay e “damos de caras” com o Rally RAC, do Campeonato do Mundo de Rallies. Ficamos à conversa e acabamos por vir para Londres juntos já que ele tem um encontro com uma amiga.

Chegamos perto da ½ noite. Eu estou de rastos quando entro no meu quarto de hotel, mas valeu bem a pena…

5 comentários:

Anónimo disse...

James Hook....e nao James cook. Grande cronica

TUBARAO23 disse...

Grande crónica mesmo. Sou leitor assíduo do blog e também já tive o previlégio de ver dois jogos ao vivo no milénio durante o campeonato do mundo 2007: excelente ambeinte num país que vive para o Rugby.
Abraço e contínua o excelente trabalho

Anónimo disse...

Boa "história"... è por isto que o rugby é especial!
Abraços Miguel Portela

Manuel Cabral disse...

Boa Manel! Agora o que te falta? Murrayfield?

Great_duke disse...

Murrayfield tb já está. Agora falta-me o hemisfério sul...

Este ano ainda queria ir a Paris ver o Racing num jogo com o Chabal porque o Vasco tem uma adoração pelo homem...

Achei piada ao 1º comentário porque eu pensei na similitude dos nomes durante o jogo: James Hook/Capitão Hook do Peter Pan/James Cook, o explorador e depois acabei por cometer um erro ao escrever.

Tenho imensa pena de não ter podido ver o jogo dos Lobos; mas sábado lá estarei em frente à TV para o jogo com a Namíbia...para ver os Lobos ganharem, espero.